seria legal se eu fugisse dos clichês dos caderninhos de frases, da obviedade, da breguice. mas eu quero casar com aquele bebê vestido de galo, com o novo cd do chico, com o último cara que beijei, com o porteiro que me dá bom dia sorrindo às 6h da manhã chuvosa, com aquele milkshake de ontem, com minhas amigas lindas, com aquele site de confeitaria, com o lenine, com o show do paulinho, com o history channel, com o macaco do planeta dos macacos, com minha internet rápida e com os ponteiros da balança quando eles estão cada vez mais à esquerda. essa sou eu. eu sou os olhos revirando e a auto-crítica depois de falar uma coisa sem pensar. eu sou as frases ditas em momentos inadequados. aliás, eu sou as frases ditas a qualquer momento. eu sou o aqui-e-agora. quando descubro uma banda nova digo que é a melhor coisa que já ouvi, quando assisto um bom filme tenho certeza que me sinto daquele jeito, quando gosto de um autor quero me tornar ele e quando encontro um abraço, tenho certeza que não quero estar em nenhum outro lugar que não ali.
e é claro que eu não quis estar em nenhum outro lugar por eternos três segundos naqueles braços e depois não tive vontade de voltar quando estive longe. não insisti pra voltar, não liguei, não chorei, não lamentei. foi só isso: eu tava ali, você também e de repente estávamos nós e de repente não estávamos mais. foi só isso. foi só isso? não serei leviana dizendo que foi pouco nem me equivocarei acreditando que foi muito. então acho que apenas foi. às vezes o que falta na gente é isso mesmo, ignorar o peso da intensidade. eu sei que quero você perto se você tá aqui, e longe se não tá. aprendi a não me distrair da vida que eu tenho pra pensar na que teria. nessa vida a gente acaba respirando fundo algumas vezes, levantando a cabeça, limpando o rosto e indo em frente. sempre me encontrando nuns braços, nuns abraços, numas risadas e numas dores por aí. então tá tudo bem.